segunda-feira, 28 de março de 2011

América Latina volta às aulas: surge a nova Escola das Américas.

Agora dissimulada como uma rede educacional


Durante as décadas de 1970 e 1980, a Operação Condor assumiu na América Latina a maciça eliminação de combatentes, principalmente, dos comunistas, utilizando as torturas, violentos desaparecimentos e assassinatos, além da implantação de ditaduras. Vários ditadores latino-americanos cursaram e foram treinados na famigerada Escola das Américas, agora sediada no Fort Bening, no Estado da Georgia (EUA).


Hoje, a denominada rede educacional Academia Internacional para o Cumprimento da Lei (Institute for Law Enforcement Administration/Ilea), assumiu de forma mais dissimulada o papel da Escola das Américas. No dia 9 do mês passado, Hector Timmerman, ministro de Relações Exteriores da Argentina, denunciou a existência de um "pacote" de aulas de torturas e técnicas de golpe de Estado oferecido a policiais argentinos pela Ilea em um de seus centros educacionais, sediado em El Salvador.

Timmerman assemelhou a Ilea com a famigerada Escola das Américas, na qual, foram treinados por várias décadas indivíduos como o terrorista e, posteriormente, agente da Agência Central de Inteligência (CIA) dos EUA Luis Posada Cariles, e muitos outros assassinos dos serviços especiais dos EUA.

Sob o título "Denúncia do ministro do Exterior da Argentina provoca revelações sobre as escolas de terror", a rede alternativa Rebelion trouxe mais revelações sobre o tema. Segundo denúncias do investigador Frank Flores, "a rede educacional Ilea dispõe de vários institutos para treinamento de policiais e militares em modernas técnicas de repressão, funcionando em Budapeste (Hungria), Bangcoc (Tailândia), Gaborone (Botswana), San Salvador (El Salvador) e Russel (Novo México/EUA)".

Ainda, de acordo com as denúncias de Flores, "Benjamin Cuellar, diretor do Instituto de Direitos Humanos da Universidade Centro-Americana de El Salvador, constava da folha de pagamento da Ilea".


Obra de Clinton


Prosseguindo, Flores revela que "os recursos da rede educacional Ilea e a famigerada Escola das Américas provêem da mesma fonte" e destaca que "neste momento estão sendo treinados na Ilea agentes policiais e militares do México, Guatemala, Honduras, Colômbia, Argentina e alguns outros países das Américas, enquanto papel protagonista desempenha o centro de treinamento da Ilea para América do Sul, situado em Lima (Peru), onde estão sendo treinados agentes policiais e militares para repressão de movimentos guerrilheiros e o "combate do terrorismo"".

O planejamento da Ilea foi aprovado pelo "democrata" então presidente dos EUA, Bill Clinton, e inclui troca de informações ou, mais precisamente, espionagem. Da Ilea de San Salvador são escolhidos os "alunos" mais capazes e enviados ao Fort Bening, onde militares latino-americanos são treinados em práticas de repressão e torturas. Em seguida, são enviados para aperfeiçoamento ao Fort Guacatsa, no Estado de Arizona, onde foram treinados os militares torturadores das prisões do Iraque.

"Constitui ironia - diz Flores - o fato de que a "sucursal" da Ilea em San Salvador encontra-se em Santa Tecla, cujo prefeito é membro da Frente Farabuto Marti de Libertação Nacional (FFMLN). Também, o ministro de Relações Exteriores de San Salvador, Ugo Martinez, jamais manifestou sua oposição à instalação desta academia em seu país".

A Ilea instalou-se em San Salvador por ocasião da assinatura do Acordo de Livre Comércio com a América Central e o Caribe (Cafta), a pretexto de segurança militar. Contudo, as ações da CIA e a posição do Governo Funes, de San Salvador, já criaram violentas reações da FFMLN, que apoiou a eleição de Funes.





Sem comentários:

Publicação em destaque

Marionetas russas

por Serge Halimi A 9 de Fevereiro de 1950, no auge da Guerra Fria, um senador republicano ainda desconhecido exclama o seguinte: «Tenh...